Em velório, avô diz que adolescente de 14 anos morto pela PRF no Chapadão 'nunca pegou em uma arma'
O avô, Fernando Palhinhas, conta que Lorenzo começou a trabalhar como entregador há quatro meses para ajudar sua mãe, de 28 anos, que criava ele e mais um filho de três anos no Complexo do Chapadão. A família morava na comunidade da Zona Norte há um ano. Antes, mãe e filho passaram pela Vila Kennedy e Guadalupe, na casa do avô.
— Ele era um menino muito bom, muito fácil de fazer amizades. Todo mundo gostava dele. Ele gostava muito de jogar bola e sonhava em ter a sua própria moto. Ele se preocupava com todo mundo da família, era atencioso — afirma.
Palhinhas garante que o neto tinha boas amizades e não tinha envolvimento com o tráfico local:
— Mataram ele de uma maneira covarde. Os agentes da PRF estão falando que ele era envolvido com o tráfico, mas ele nunca pegou em uma arma. Já foi constatado que não tinha pólvora na mão dele. É uma injustiça muito grande.
Além de trabalhar como entregador de lanches dentro do Chapadão com uma moto cedida pela lanchonete, Lorenzo estudava e estava no 7º ano.
—Ele tinha dificuldade em algumas matérias, mas se esforçava muito. Ele trabalhava e estudava. Ele se preocupava muito com a mãe e o irmão, e pensava demais no futuro — afirma o avô.
Muitas pessoas participam do enterro, principalmente familiares e amigos.
— Eles entraram por conta da morte desse policial Federal porque disseram que os bandidos estariam no Chapadão. Por conta da morte do policial, o Lorenzo pagou. Um garoto inocente de 14 anos. Isso é uma injustiça — Emanuele Araújo, amiga da família.
Neuza Maria Silva, que foi professora de Lorenzo em Honório Gurgel quando ele era criança, esteve presente.
— Ele trabalhava entregando lanches. Isso tem que acabar, não pode mais ser assim — lamenta.
Lorenzo foi morto durante uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Complexo do Chapadão, Zona Norte do Rio, após a ida as equipes ao local com informações de que os criminosos responsáveis pela morte do agente Bruno Vanzan teriamfugido para a comunidade. Ainda de acordo com a corporação, as equipes foram recebidas a tiros por cerca de 30 criminosos.
Na operação, houve a apreensão de dois adolescentes. Em nota, a PRF diz ainda que dois dos adolescentes afirmaram pertencer ao tráfico de drogas da região. Eles também teriam dito que faziam um plantão do “comércio da boca de fumo”. Segundo a corporação, o jovem que morreu baleado estaria envolvido.
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