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Hacker da 'Vaza Jato' diz à PF que Bolsonaro perguntou, em reunião, se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas

 

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto, que admitiu à PF que entrou nas contas de procuradores da Lava Jato e confirmou que repassou mensagens ao The Intercept Brasil — Foto: Reprodução/Facebook

O hacker Walter Delgatti Neto, preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal, disse em depoimento que se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada, para tratar do sistema das urnas eletrônicas usadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações são do otempo .

Delgatti Neto contou aos investigadores que Bolsonaro o questionou se seria possível invadir uma urna eletrônica. A declaração do hacker é citada na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a operação desta quarta.

No interrogatório da PF, Delgatti Neto disse que se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília, quando ele era o presidente da República, e foi perguntado se “munido do código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica”. O hacker disse aos investigadores, no entanto, que “isso não foi adiante”.

Delgatti Neto explicou aos policiais que só poderia ter acesso ao código-fonte das urnas dentro da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que “não poderia ir lá”. A reunião entre o então presidente e o hacker foi intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), também alvo da operação da PF desta quarta. Tanto a parlamentar quanto Bolsonaro já confirmaram esse encontro, mas negam ter havido qualquer cometimento de crime.

Assessores de Zambelli transferiram R$ 13,5 mil para hacker

Além de Carla Zambelli, dois assessores lotados no gabinete dela foram alvos da operação desencadeada na manhã desta quarta-feira para levantar provas sobre um plano de invasão ao sistema eletrônico do Poder Judiciário.

Agentes da PF cumpriram mandados em endereços de Zambelli e dos assessores parlamentares Renan Cesar Silva Goulart e Jean Hernani Guimarães Vilela. Eles fizeram pagamentos ao hacker Walter Delgatti Neto, preso na mesma operação.

Conforme provas enviadas pela PF ao STF, o hacker recebeu R$ 13,5 mil para executar o suposto plano criminoso, sendo R$ 10,5 mil por meio de transferência feita por Renan Goulart e R$ 3 mil enviados por Jean Guimarães Vilela. 

Carla Zambelli confirmou, em entrevista coletiva nesta quarta, os pagamentos, mas alegou ter dado dinheiro ao hacker porque ele estava com “dificuldades financeiras”.

Renan Goulart foi secretário parlamentar de Carla Zambelli em 2019 e, desde maio, é assessor do deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP), irmão dela. Já Jean Vilela foi contratado por Carla Zambelli em 2023 e segue lotado no gabinete da deputada federal. As informações constam no site da Câmara.

Hacker da “Vaza Jato” foi preso pela terceira vez

Walter Delgatti Neto foi preso pela terceira vez nesta quarta, suspeito de ter agido para invadir o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos fraudados no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões – incluindo um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes.

Delgatti Neto ficou conhecido por ter invadido telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato, em episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato" após mensagens trocadas pelos integrantes da força-tarefa por meio do Telegram serem publicadas pelo site The Intercept.

Por causa desse vazamento, Delgatti ficou preso preventivamente de julho de 2019 a setembro de 2020. Ele já responde a uma ação penal acusado de interceptação telefônica ilegal (por 126 vezes) e invasão de dispositivo informático (por 176 vezes), crimes que, considerados individualmente, têm pena máxima de quatro anos de prisão.

Já Zambelli é alvo da PF nesta quarta por, supostamente, contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do CNJ um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes. 

Os pagamentos feitos a Delgatti estão entre as principais provas consideradas por Alexandre de Moraes para ordenar as buscas e apreensões desta quarta no gabinete da deputada e no apartamento dela em Brasília, e ainda nas casas dos assessores dela, uma em Brasília e outra em São Paulo.

“Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes”, informou a PF por meio de nota. 

Moraes mandou apreender armas munições, computadores, tablets, celulares e passaportes

Na decisão, Moraes determinou à PF que recolha “armas, munições, computadores, tablets, celulares, passaportes e outros dispositivos eletrônicos bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados”.

O despacho também detalha que seja apreendido dinheiro e bens – joias, veículos, obras de arte e outros objetos – em “valores superiores a R$ 10.000, desde que não comprovada cabalmente, no local dos fatos, a origem lícita”. E ordena a verificação da existência de “eventuais salas reservadas ou cômodos secretos”, além da análise de conteúdo “em arquivos, mensagens eletrônicas e e-mails armazenados em eventuais computadores, servidores, redes, inclusive serviços digitais de armazenamento em nuvem”.

O nome da “Operação 3FA” é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.

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