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Flávio Dino diz que 'há indícios' de que Torres interferiu no 2º turno

 O ministro classificou as suspeitas como fatos de "imensa gravidade" e que espera consequências jurídicas proporcionais

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Dino, ministro da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino , disse nesta terça-feira (4) que "há múltiplos indícios" de que o ex-comandante da pasta, Anderson Torres , interferiu para que eleitores não chegassem ao local de votação no segundo turno de 2022.  As informações são do IG.

Dino ainda classificou as suspeitas como fatos de "imensa gravidade" e que espera consequências jurídicas proporcionais.

"Desde janeiro esses indícios estão surgindo. Nesta mesma sala em que me encontro agora [no Ministério da Justiça e Segurança Pública] já houve relatos múltiplos de indícios. Não me cabe evidentemente extrair conclusões desses indícios, isso cabe ao delegado que preside o inquérito e ao Ministério Público e, posteriormente, ao Poder Judiciário. O que posso afirmar a você é que há múltiplos indícios ou de elaboração de relatórios, de viagens, de comandos, de determinações administrativas. E nós temos o indício muito eloquente, ou seja, o fato ocorreu no dia 31 de outubro, quando houve essas ditas operações atípicas",  afirmou o ministro em entrevista para o canal do Youtube do professor Marco Antonio Villa.

Entenda o caso

Uma viagem de Anderson Torres à Bahia entre o primeiro e o segundo turno das  eleições de 2022 fez com que uma investigação sigilosa fosse montada para apurar a operação da Polícia Rodoviária Federal que bloqueou as estradas do Nordeste no dia do segundo pleito .

Na apuração citada, a PF investiga se houve, por parte do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, abordagens feitas em dobro para impedir que eleitores do hoje presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  chegassem aos locais de votação. 

Segundo informações da coluna da Malu Gaspar, do jornal O Globo, os delegados apuraram que em outubro, o ex-ministro da Justiça Torres e os assessores se reuniram com o superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho.

A ida era intencional, para ordenar pessoalmente que a Polícia Federal se engajasse, com equipes e trabalho de inteligência, na operação que o Ministério da Justiça planejou com a Polícia Rodoviária Federal de parar todos os ônibus e veículos que transportariam eleitores no domingo do segundo turno com qualquer tipo de irregularidade.

"A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu pudesse trocaria de lugar com vocês", disse Torres ao grupo reunido na superintendência da PF, segundo relatos das testemunhas que participaram da reunião.

O ex-ministro da Justiça justificou a ação dizendo que o ministério estava recebendo muitas denúncias de compras de voto por petistas no Nordeste. Para ele, tal fator explicava a grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro durante o primeiro turno. Na Bahia, Lula tinha tido 5,8 milhões de votos (69,73%), contra 2 milhões (24,31%) do então ex-mandatário.

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