Filha que inocentava Flordelis volta atrás e não admite ser mandante da morte do pastor Anderson
— Eu me sinto um pouco culpada de tudo isso que está acontecendo com minha família. Um dia, eu sentei e contei tudo para o meu irmão Flávio. Nesse dia, desabafei porque ele era muito quieto, muito observador. Pensei: vai quebrar a cara dele (Anderson), vai arrebentar ele. Mas não pensei que ia matá-lo. Contei tudo que ele tinha feito comigo, com a minha filha - disse Simone.
Durante a semana de julgamento, a advogada Janira Rocha, que defende Flordelis e outros três acusados — Marzy, Rayane e André — chegou a falar, em entrevista aos jornalistas, que o caso tinha uma ré que tinha confessado ser mandante do crime, que era a Simone. No entanto, os cinco réus foram ouvidos e nenhum admitiu ser o mandante do crime. Simone é a única dos réus que é defendida pela advogada Daniela Grégio.
Simone já tinha admitido ter planejado o assassinato da vítima durante seu depoimento no processo de cassação da mãe na Câmara de Deputados, em abril de 2021. Na época, ela disse que tinha dado dinheiro para a irmã, Marzy Teixeira, pedindo que matasse Anderson. O relato na Câmara já tinha sido diferente, em alguns pontos, do depoimento que Simone tinha dado em audiência do processo respondido por ela, três meses antes, quando não chegou a confessar o crime. Na ocasião, ela disse apenas que vinha sofrendo “investidas sexuais” de Anderson e tinha dado R$ 5 mil para a irmã Marzy resolver a situação para ela. Simone alega, no entanto, que não sabe o que ela fez e se chegou a executar o plano para assassinar a vítima.
Durante o interrogatório deste sábado, Simone foi questionada por um dos jurados por que afirmou anteriormente, em depoimento, ter planejado a morte de Anderson. Ele reafirma que o crime não foi planejado e alegou que não tinha contado a versão que apresentou hoje por receio de prejudicar o irmão. Em outro questionamento dos jurados, ela negou ter dado R$ 5 mil para Marzy matar Anderson.
— Não foi planejado. Eu conversei com meu irmão (Flávio). Eu estava com medo, medo de ele pegar muito tempo (de pena). Eu estou aqui para falar a verdade. Não foi uma coisa planejada. Foi sem planejamento nenhum, dentro de casa.
A denúncia do Ministério Público do estado do Rio acusa Flordelis de ser a mandante e a confissão de Simone vinha sendo usado por sua defesa e pela própria ex-deputada para alegar inocência. Marzy Teixeira nunca tinha confirmado a versão de Simone e alegava ter planejado a morte do pastor sozinha, mas não chegou a executar o crime.
Durante o interrogatório deste sábado, Simone voltou a afirmar que Anderson passou a iniciar "investidas sexuais" contra ela após ter começado a pagar seu tratamento contra um câncer. Simone alegou que dependia financeiramente do pastor, chegando a pedir dinheiro até mesmo para comprar óculos novos.
— Diversas vezes ele ia no meu quarto, diversas vezes ele me dava com uma mão e pedia com a outra. Nesse dia dos óculos, ele queria que eu colocasse a mão no pênis dele. E eu não coloquei — contou.
Simone relatou também que em determinada ocasião, o pastor Anderson a pegou a força no banheiro da casa da família, "penetrando" nela a força. Em seu interrogatório, Simone não fez qualquer menção às mensagens de WhatsApp que a acusação alega terem sido enviadas por Flordelis a outro réu, André Luiz de Oliveira, e que demonstrariam intenção de matar a vítima. Em seu depoimento na Câmara dos Deputados, Simone tinha alegado ter sido a responsável por enviar as mensagens passando-se pela mãe.
Nenhum comentário