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PEC da Transição chega ao Senado e tira Bolsa Família do teto por 4 anos

 

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP27, no EgitoImagem: JOSEPH EID / AFP

Aliado do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Marcelo Castro (MDB-PI) protocolou na noite desta segunda-feira (28) a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que mantém o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil (que vai ser rebatizado de Bolsa Família) a partir do ano que vem. Pela proposta, o valor referente ao programa fica fora do cálculo do teto de gastos entre 2023 e 2026. A PEC propõe retirar até R$ 175 bilhões do programa de transferência de renda do Orçamento para não estourar o teto de gastos.  As informações são do uol.

A proposta apresentada por Castro é similar ao projeto inicial elaborado pela equipe de transição de Lula. O texto pode sofrer alterações durante a tramitação no Congresso

"Essa é a estratégia que foi definida pelo time do governo eleito no Congresso. Vamos agora ver a evolução da PEC", disse Nelson Barbosa, um dos coordenadores da equipe de economia da transição de Lula, a jornalistas. "Entendo que a PEC precisa ser protocolada nesta semana para poder cumprir os prazos necessários e ser aprovada neste ano. É a estratégia que foi considerada mais viável do ponto de vista político."

O grupo de Lula já havia dito que seriam necessários entre R$ 100 bilhões e R$ 200 bilhões para pagar os programas de assistência social.

Na semana passada, Castro disse que a PEC da Transição precisa ser aprovada no Congresso até 10 de dezembro para que haja tempo hábil para os parlamentares analisarem o Orçamento de 2023, que precisa ser aprovado ainda neste ano.

"O texto apresentado excepcionaliza do teto de gastos o valor necessário para dar continuidade ao pagamento dos R$ 600 do Bolsa Família, mais R$ 150 por criança de até seis anos de idade. E, ainda, recompõe o orçamento de 2023, que está deficitário em diversas áreas imprescindíveis para o funcionamento do Brasil. Esperamos aprovar a PEC, nas duas Casas, o mais rápido possível para que possamos começar a trabalhar no relatório orçamento de 2023", afirmou.

Agora, a PEC precisa ser discutida e votada em dois turnos no Senado e na Câmara e necessita ser aprovada por três quintos dos deputados (308) e dos senadores (49).

A medida começou a ser discutida logo após a eleição, e o grupo de Lula apresentou um rascunho aos parlamentares no dia 16 deste mês. Economistas têm dito ao longo dos últimos meses que o governo federal, independentemente de quem fosse eleito, precisaria encontrar caminhos para evitar manobras relacionadas ao Orçamento.

O mercado financeiro tem reagido mal tanto a falas de Lula sobre a proposta quanto à expectativa dos gastos fora do teto, sob o argumento de que a PEC não poderia ser "um cheque em branco" para o novo governo.

Qual o objetivo da PEC? A proposta visa alterar as regras fiscais a partir do próximo ano e, assim, garantir a continuidade do pagamento de R$ 600 do programa, além de outras promessas de campanha, sem furar o teto de gastos.

Projeto inicial: No começo da discussão sobre a PEC, logo após a eleição, o grupo de Lula trabalhava com a ideia de apresentar a proposta sem um valor fixado, apenas retirando "todo" o programa do Orçamento por tempo indeterminado. Com isso, independentemente de qual fosse o valor, o Bolsa Família deixaria de fazer parte do cálculo do teto de gastos para sempre.

Muito tempo? Alertados de que o "tempo indeterminado" não teria apoio dos parlamentares, os negociadores de Lula passaram a trabalhar com o período de quatro anos —ou seja, o Bolsa Família deixaria de fazer parte da conta do teto de gastos durante todo o governo do petista, entre 2023 e 2026.

Menos tempo? Líderes políticos, no entanto, se posicionaram contra o período de quatro anos e passaram a defender que a PEC valesse apenas para 2023. Aliados de Lula, por sua vez, avisaram que isso não seria suficiente sob o argumento de que não vale a pena o desgaste de uma negociação para que ele possa manejar a verba do programa apenas no primeiro ano de governo, já que em abril começa a negociação do Orçamento de 2024.

Meio termo? Uma solução alternativa começou a ser ventilada com força no Congresso nos últimos dias: a de que a PEC tenha validade de dois anos, o que não foi para frente.

Teto de gastos: A PEC serviria como uma alternativa para furar o teto de gastos —regra criada em 2016 que limita as despesas ao Orçamento do ano anterior, mais a inflação. Na prática, o governo vai poder fazer gastos extras para bancar o benefício.

Espaço: A PEC permite que o dinheiro que já está reservado no Orçamento de 2023 seja usado para outras ações consideradas prioritárias por Lula: bancar o reajuste do salário mínimo, aumentar os repasses para o programa nacional de merenda escolar, recompor a verba do Farmácia Popular e investir em obras do Casa Verde Amarela, que será rebatizado de Minha Casa, Minha Vida.

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